Der Vorleser ( O Leitor ) uma rede de palavras suspensas no tempo e no espaço, me lembrou a poesia do galo que canta para os outros e juntos vão tecendo a manhã de luz.

A vida dos outros, Asas do desejo... um mundo que cabe na minha Berlin...

Dentro da Urbis, só fenomenos naturais de grande porte nos lembram da natureza. Ondas de nuvens negras marchavam no céu anunciando um dia triste de móveis sobre a laje, cachorro amarrado ao pé da mesa, mas do outro lado um espetáculo do véu branco da água rasgando o céu cinza e derramando sobre a Bela Vista.

fui visitado, e se serviu de meus sentidos e palavras, como se desdobrasse um lenço de linho, delicadamente e percebesse sua trama, quando volta, o lenço é outro, redobrado e mais bonito.

... para mim o que conta é o miúdo, aquilo que quase não deixa marca, delicado ...

um ramo fresco de erva cidreira pendurado na cozinha, sentar numa banqueta e descascar uma lima da pérsia, uma viagem dos sentidos, mas pra quem está atento.

quem dorme da vida perde tudo isso...

... hoje acordei com saudade de um lugar que ainda não conheço...

que bom que tenho dentro do coração um jeito de esquecer que já estive lá

e encher o coração de alegria quando reencontro MEU LUGAR... que um dia

é Berlin, Patagônia (nova amiga), Barcelona (pelos olhos do Don) e meu lindo Cambury.

... uma princesa japonesa fazia listas...COISAS BONITAS:

a tinta preta escorrendo pelo papel de arroz após uma pincelada

o último nó do quimono

um pêssego num altar

uma criança dormindo

a fumaça subindo do arroz quente

gelo raspado numa tigela de prata sobre um tecido de seda lilás...

Fazenda Santa Luzia:
Uma Paineira nos recepciona florida até não dar mais.
Um sorriso que só conheço um na vida: Maristela.
Uma batata doce que precisa sempre ser desenterrada!

... presente de aniversário... tarefa difícil.

pensei no mar que cabe no seu nome...

de um lado a Tropabana de outro Itapuan, Camões e Amado conversando sobre o Atlântico...

bom presente.

... o dia acordou de luto, mas o céu deve estar em festa por Laurinha.

Encima de uma pilha de caixas de papelão arrumadinhas, ao lado de uma carroça puxada por gente enconstato no banco 30 horas ele vigia.

Vigia como se vigiasse a coisa mais importate do mundo! Mas o que me impressiona é seu olhar, olhar aflito de quem espera seu velho dono catador que pode um dia não votar.... a falta dele ou a sua mesma impossibilitariam o prosseguir da vida dura de um e de outro. Parece que ele sabe dessa urgência.

... nossa vizinha tem uma gata, não sabiamos o nome nem da gata, nem da vizinha... Adelaide parecia um bom nome; assim foi um ano gritando da minha janela pra outra: Adelaide, você chama gato olha!

fica na gente a sensação de que o nomeado se apropria do nome e a certeza de que Adelaide era ela mesma...

No elevador encontramos certa vez a ¨vizinha¨ pop e moderna, e intuitivamente vem a pergunta: Você tem uma gata, a Adelaide?

Tenho, mas é a Maibí...Desde então meu coração chama adelaide e quem responde é Maibí, graciosa entre o vidro e a tela verde da janela. (A adelaide (doravante em minúscula por que o nome não é mais próprio) ganhei do mundo, que também me dá um montão de presentes...!)

¨O gosto do chá verde sobre o arroz¨

Um sabor que habita minha memória... simples, elegante, silencioso.

Delicado e quase imperceptível: como tudo o que é solene e importante!

Experimente. Também serve uma maçã vermelha sobre um prato branco.

Queridos amigos, inicio uma nova fase de meu Blog.

Lembrem-se de pequenos presentes para si mesmos e para grandes amigos:

¨Seda¨um livro com a delicadeza do tecido...

..... tenho vergonha de vestir um manto de seda japonesa porque seus fios são tão leves .... que parece que estou vestindo nada....!

(Seda ganhei de minha amiga Mara)

Ontem vi na telona o embate entre Hoffmann e Streep no filme ¨Dúvida¨.

Quem sai ganhando somos nós! Filme morno mas com 2 ou 3 olhares dos protagonistas, uns tantos outros movimentos de mão que valem uma vida!!

(¨Dúvida¨ ganhei de Don e M.A. grandes parceiros de telona)

09 de Fevereiro 2009